quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Amar os indignos do nosso amor


De que valeria o "amar ao próximo" se não reconhecemos que o próximo pode ser aquele a quem menos suportamos? Por que insistimos em fazer o bem somente àqueles que também nos fazem o bem, e nos importamos somente com os que nos darão abrigo em dias de tempestade? Não há amor maior do que aquele que se entrega, se dispõe a morrer, se for preciso, pelos outros, não importa quem seja. É olhar nos olhos dos que nos batem à face e ver que ali há alguém necessitando de um simples abraço. É tentar tocar o coração daquele que diz não depender da nossa ajuda. É incondicionalmente dispor de um pouco do nosso tempo e nossos recursos para reerguer aquele que, sabe-se, nunca irá estender a sua mão para nos ajudar. É fechar nossos olhos e, abrindo nossos lábios, levarmos a nossa oração a Deus por aqueles que além de recusarem-se a caminhar conosco, atiram pedras e espinhos na nossa estrada. Ame sem reservas, sem interesses. Dê suporte a quem não te suporta.

domingo, 1 de abril de 2012

Falso crente: pau que nasce torto e nunca se endireita?


1º de Abril já se tornou oficialmente o dia da mentira, mas infelizmente os outros 364 dias não são diferentes para muitas pessoas que se dizem cristãs. O falso crente não é e nunca vai ser uma espécie em extinção; eles estão por todos os lados - carregando uma Bíblia debaixo do braço, dando "glória a Deus" a cada 5 minutos e indo à igreja aos domingos, sem falta - mas envergonhando o nome de Cristo com seus péssimos hábitos, suas más atitudes e suas palavras torpes. Pela graça e misericórdia de Deus existe redenção para essa raça, quando finalmente percebe que diante de si existe uma máscara que deve ser retirada o mais rápido possível.

Mas antes da verdadeira conversão o falso crente era reconhecido pelos outros como tal. Seu exemplo fez com que os cristãos em geral fossem tachados de santos do pau oco - vergonha para a categoria. Pensa comigo: se um dia um falso crente passasse por uma transformação de caráter, você acreditaria? E se a partir de então ele começasse a pregar a Palavra para você de uma forma genuína, você aceitaria? Se a resposta for não, saiba que esses são os maiores medos de um ex-falso crente: ser mal interpretado e não conseguir convencer os demais.

O fato é que a verdade não é sua, nem minha e de nenhum outro ser humano. A verdade pertence a Deus e é por meio dela que hoje somos libertos. Isso significa que não há poder humano de convencimento que faça com que alguém dê crédito à Palavra de Deus. Ele é quem faz a obra na vida do ser humano e a Ele pertence tanto o querer como o realizar. Logo, o medo de pregar e não ser ouvido não tem fundamento se levarmos em consideração que somos apenas semeadores da Palavra, e não donos da verdade.

Não importa quem você tem sido ou o quanto sua imagem como cristão tenha sido manchada nesse mundo. O passado ficou para trás e o que importa agora é que você viva através daquilo que você recebe de Deus todos os dias, as doses de conhecimento e sabedoria que você adquire na Palavra. E não tenha medo de compartilhar: semeie. Amanhã outra pessoa irá adubar; mais adiante outro alguém irá regar, até chegar o momento da colheita. Todo esse processo é realizado através de seres humanos, mas está totalmente sob o controle do Deus Altíssimo.

No mundo sempre existirão falsos crentes, mas também sempre haverá ex-falsos crentes - para a glória de Deus. E sempre existirá lugar para semear, ainda que seja em uma terra que tanto esperou por um semeador em particular, que só viu a necessidade de lançar a semente quando esse solo está quase secando. Portanto, pregue o quanto você puder, com ou sem palavras. Deus te chama de volta para a seara.

Na graça de Deus,

Camila Caren Vasconcelos

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Recado de Cristo para uma filha distante



De tanto você gritar por Mim, resolvi Me manifestar.

Antes de tudo, quero dizer que Eu ouvi a todo momento cada palavra que saiu de sua boca e atentei a cada gemido que sua alma expressava. Tenho visto a sua dor, o seu tormento, as suas lágrimas e o tamanho do ponto de interrogação que está sobre a sua cabeça. E, como um Deus amoroso que sou, em nenhum momento aguentava vê-la nesse estado, mas Eu não podia fazer absolutamente nada. Até podia, mas não havia como. Vou explicar o porquê.

Você tem sido uma filha atenciosa. Tem visto todas as maravilhas que tenho feito e até crê que Eu posso fazer o mesmo, e até mais, nos dias de hoje. Você conhece a Bíblia, lê com atenção e com fervor, com aquele desejo de Me conhecer e aprender mais sobre como viver para Me servir. Fico feliz por saber que o seu desejo é Me agradar, mas existe algo que me deixa triste e até aborrecido.

Estou caminhando lado a lado com você, mas de repente você solta sua mão da Minha e segue seu próprio rumo. Corre pelo campo, sente-se maravilhada com as coisas que vê à sua volta, o que te entorpece e não te deixa voltar a caminhar comigo. Somente quando você tropeça, se machuca e não consegue ajuda com ninguém é que você Me chama para lhe socorrer, e Eu lhe socorro, curo suas feridas e te ajudo a levantar. Então, mais uma vez você segura firme na minha mão e voltamos a caminhar juntos.

Mais adiante, caminhando juntos, algo mais nos surpreende. Você volta à realidade e encara seus problemas. E você sabe perfeitamente que Eu posso pôr fim a todos eles e te ajudar a enfrentar com sabedoria os que estão por vir. Mas você quer uma solução imediata, uma fórmula mágica que te faça passar por tudo isso imediatamente. Lá no fim da estrada você vê nitidamente a solução para os seus problemas e, sem pensar, mais uma vez solta sua mão da Minha e vai correndo em direção a ela. Mas você não conhece o caminho, não sabe os obstáculos que há por toda a sua extensão, sendo que boa parte deles só Eu poderia ajudá-la a atravessar. E lá vai você, sem minha ajuda, tentar driblar essas dificuldades,e o resultado é o que Eu já previa: você se machuca e não consegue sair do lugar em que está, e mais uma vez clama a Mim, que vou correndo te ajudar. Então, novamente você segura firme na minha mão e voltamos a caminhar juntos.

Mas quando tudo parece estar bem você olha adiante e vê o tamanho da estrada que ainda nos resta percorrer: é longa e cansativa. O pensamento de que você não vai conseguir vem à sua mente e torna-se cada vez mais forte. O cansaço faz a lembrança dos seus dias passados, tão aparentemente mais fáceis, atormentarem o seu presente, e então você solta sua mão da Minha e dá meia volta. E eu fico ali, parado, vendo você voltar para sua antiga vida, sem me dar ao luxo de correr atrás de você e te alertar do perigo que é colocar a mão no arado e olhar para trás. E quando você percebe o erro que cometeu, lembra-se de todos os outros que ficaram pelo caminho. O fardo do pecado está sobre as suas costas, mas você insiste em continuar carregando, mesmo sabendo que Eu posso libertá-la disso.

E por que você não clama a mim mais uma vez? Vergonha. Você se entregou tanto ao erro que não tem mais coragem de olhar para Mim. O tempo passa e finalmente você se abre comigo, mas é como se nada adiantasse. A culpa ainda faz parte de você, e você sabe disso. Tanto é que voltamos a caminhar juntos, mas dessa vez não mais de mãos dadas. Você se recusa segurar em minhas mãos, alegando que as suas estão sujas demais. Você prossegue não mais olhando para frente, e sim para o chão, de cabeça baixa, como se eu estivesse acusando-lhe de alguma coisa. 

Mas, veja bem, enquanto você continuar caminhando encolhida dessa forma, nada poderá ser feito. Sem segurar firme nas minhas mãos, você não poderá ultrapassar os obstáculos que encontrará nessa jornada. Sem olhar para a frente, não há como vislumbrar o horizonte, onde está o melhor que preparei para você. E mais: tudo o que está meio solto um dia acaba se soltando de vez. Então, segure-se firmemente em Mim, para que você não corra o risco de cair nas ciladas do Meu inimigo número 1. Não tenha medo, deixe a vergonha de lado, entregue-se por completo, pois Eu quero estar sempre com você mais do que você quer estar Comigo. Venha, Eu te livro desse peso que está sobre suas costas, te faço andar de cabeça erguida e te mostro o caminho a percorrer. Não é fácil, Eu sei e você também sabe, mas o final dessa estrada é surpreendente e maravilhosa.

Não deixe o pecado te afastar de Mim. Revolte-se contra isso. Eu não derramei todo o Meu sangue por você à toa. 

E confie em mim.

Com amor,

Jesus Cristo

p.s.: Existem pessoas que estão na mesma situação que você, portanto mostre essa carta a elas. Dê o que Eu lhe dei e isso nunca te fará falta, pois a minha lógica é diferente: quanto mais você dá, mais você tem.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O dia em que dei um chega pra lá na ditadura da beleza

A web está se expandindo de forma tal que encontramos conteúdos para todos os gostos. Entre os milhões de blogs e sites existentes hoje, encontramos milhares deles sobre moda e beleza, e não raro conhecemos pelo menos uma pessoa que os acessa. Trata-se de um grupo seleto de pessoas que escreve sobretudo para mulheres, contando sobre suas experiências com determinados produtos, as últimas tendências da moda, o que as celebridades estão usando, formas de deixar seu corpo em forma, entre outros assuntos que pouco ou nada nos edificam.

Costumo dizer que a exaltação da aparência, do "belo", do físico, desde os tempos mais remotos tem sido uma praga devastadora na humanidade. As mulheres buscam atrair compulsivamente para si os olhares masculinos e a admiração de outras mulheres, e isso gera uma constante insatisfação que as fazem buscar mais e mais atenção para os seus dotes físicos, como se fosse uma droga. Muitas delas se afundam num vício tão profundo que acabam por se autodestruir, tornando-se marionetes nas mãos dessa indústria que rende cada vez mais a cada ano que passa.
No fundo, a busca por uma aparência perfeita vem de um histórico de insegurança e complexos que rondam a mente humana. Talvez, na infância, a garotinha teve que conviver com piadinhas acerca de um "defeito físico" seu. Por ser gordinha, ou branquinha demais, ou magrinha demais, ou não se vestir de uma forma mais "descolada", ela não conseguia encontrar seu espaço na sociedade mirim em que ela vivia. Em casa, não havia ninguém que a colocasse no colo e a ajudasse a enxergar a vida de outra forma que não fosse somente pelo olhar estético. E ao crescer, busca nesse mundão afora o que nunca encontrou em casa, na escola ou em qualquer outro lugar: vai para a frente do espelho, adquire uma falsa personalidade e vai à luta em busca do espaço que ela não conseguiu conquistar na infância: status. Considerando que estamos na era digital, ela começa a sua jornada aqui mesmo, na web; afinal, aqui ela encontra mil possibilidades de se tornar aquilo que sempre queria ser. E assim prossegue a sua vida até chegar o momento em que se autodestrói.

Blogs de moda e beleza, assim como revistas que tratam do mesmo assunto, por vezes se esquecem dessa questão. Não estou querendo generalizar, pois ainda existem pessoas conscientes do seu poder de influenciar outras pessoas e que por isso devem ter cuidado com o que postam, falam ou twittam por aí. O fato é que, por mais que existam conteúdos essencialmente profissionais - boa parte usa desse artifício para divulgar seus serviços voltados a esse segmento -, essa onda de informação feminina está levando uma multidão de mulheres a buscarem na aparência um refúgio para as suas fraquezas, seus dilemas, seus problemas. Tudo porque as levam, mesmo sem perceber, a enxergar tudo pela ótica da estética.

Eu me pergunto quando é que alguém vai parar para pensar no que está acontecendo, chegar a uma conclusão sensata e disseminá-la por aí, para que chegue ao maior número de pessoas possível. Sonho com o dia em que as famílias se preocuparão com a saúde emocional de nossas garotas, além da saúde física. Penso como seria se a mídia não reprimisse tanto as mulheres, fazendo-as com que deem mais atenção ao desenvolvimento de sua mente do que com o desenvolvimento de seus corpos. Podemos fazer isso hoje, agora, destruindo os espelhos imaginários que estão espalhados pelo caminho.

A partir daqui, eu, Camila Vasconcelos, dou um basta à influência da ditadura da beleza sobre mim.

terça-feira, 10 de maio de 2011

A parábola do semeador aplicada à juventude - Parte 4

Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um.
Mateus 13.8

Uma boa terra

Dificuldade nunca foi uma palavra presente na vida de Carolina, pois sempre teve tudo o que precisava. Uma boa família, vida financeira estável, amigos, estudava no melhor colégio do Estado onde morava; aparentemente, nunca lhe faltara nada. Mas o problema não estava no seu exterior: estava dentro dela.

Carolina era uma pessoa aparentemente completa, mas sentia um vazio dentro de si. Ela sabia que, no fundo, nada do que ela tinha poderia preencher aquele vazio que a tornara uma pessoa tão triste e amargurada. Foi então que, por influência de amigos, começou a usar drogas.

De início, para se acostumar, a maconha era a sua única opção, até que chegou a usar drogas mais pesadas. Carolina passava dias e noites fumando e injetando drogas em suas veias, chegando a ficar tão alterada que perdia a noção de onde estava e o que estava fazendo. As semanas passavam e ela mergulhava cada vez mais fundo no universo dos narcóticos, envolvendo-se com pessoas que arriscavam suas vidas com a mesma diversão.

Além das drogas ilícitas, a bebida também tornou-se um de seus vícios. Seu comportamento, cada vez pior, preocupava os pais, que acabaram por descobrir o que a filha andava fazendo. Carolina tornou-se muito agressiva, a ponto de ameaçar de morte sua mãe, após esta descobrir um pacote com vários comprimidos de LSD em sua bolsa.

Aos poucos os objetos e dinheiro da família foram desaparecendo, pois Carolina os usava como moeda de troca para sustentar seu vício. Depois de alguns meses de tormento, seus pais a internaram à força em uma clínica de reabilitação. Tudo o que tinham passaram a gastar com o tratamento da filha, não importando se algum dia viessem a perder tudo. A recuperação de Carolina era mais importante do que carro, dinheiro, joias e tudo o mais que tivesse valor financeiro para eles.

Sem as drogas Carolina ficava cada vez mais angustiava, pois era nelas que afogara durante tanto tempo todos os sentimentos negativos que vinha guardando em seu peito. Aquela sensação de euforia e felicidade a deixava longe de tudo o que a oprimia, mas era tudo passageiro. Ela sabia disso, o que a levava a entrar nesse buraco tão escuro e sem saída que as drogas representam.

A recuperação de Carolina não era aparente, mas os pais continuavam investindo tudo o que tinham em sua recuperação. Aos poucos a família perdia seus bens, chegando a ficar somente com a casa onde moravam e alguns móveis, além de sobreviver com o pouco que lhes restava para se alimentarem. Quando tudo parecia andar conforme a música, algo marcante acontece em suas vidas.

Depois de três meses internada, Carolina conseguiu fugir da clínica de reabilitação e se escondeu na casa de um de seus amigos. Daquele mesmo lugar tramou um atentado que colocaria em risco a vida de toda a sua família. O sentimento que se apoderara dela naquele momento era de vingança, pelo fato de seus pais terem-na deixado afastada das drogas durante todo esse tempo.

À noite, seu irmão sentiu um cheiro estranho vindo dos fundos de casa e resolveu levantar-se e chamar os pais. O fogo já tinha se alastrado por todo o quintal; até o cachorro da família naquele momento já estava carbonizado. Carolina pôs fogo em sua própria casa com a ajuda dos amigos, a fim de se livrar da família
que tanto odiava.

A família de Carolina conseguiu fugir, apesar de ter havido perda total da casa. Tudo o que lhes restava virou cinzas, e o desespero tomou conta de seus corações. Vendo tudo o que estava acontecendo, Carolina caiu em si e em profunda amargura chorou, como nunca havia chorado antes. Custava-lhe acreditar que tudo aquilo fora obra de suas mãos.

Sem casa e sem bem material algum, a família sentiu-se obrigada a refugiar-se na casa de parentes. Carolina, envergonhada pelo que tinha feito, fugiu novamente na noite do incêndio e passou a viver nas ruas, voltando a usar drogas e envolvendo-se com a criminalidade. Seu estado era deplorável; quem a visse naquela situação nunca acreditaria que um dia ela teve tudo o que para os olhos humanos era tudo.

Um dia, de longe, Carolina avistou um grupo de pessoas, muito bem vestidas, distribuindo algum material para os moradores de rua. Uma mulher bem apessoada chegou até ela e lhe entregou uma espécie de folhetim, e disse a ela algo que não conseguia acreditar. Como uma pessoa como ela poderia voltar a ter a vida que tinha? Como aquele vazio que havia dentro de si poderia ser preenchido? Será mesmo que aquela pessoa perversa na qual tinha se tornado poderia ser transformada, a ponto de se tornar uma pessoa doce e amigável? Nada do que via ou ouvia até então poderiam fazê-la crer que tinha solução para sua vida, mas o brilho que havia nos olhos daquela mulher e as palavras que saíam de sua boca eram tão verdadeiros e tão fortes que Carolina passou a ter motivos para ter esperança. Algo dizia em sua mente que algo extraordinário estaria para acontecer.

Naquele folhetim havia um endereço, e Carolina resolveu ir até esse lugar para encontrar a mulher de olhos brilhantes e lhe perguntar como fazer para ter uma vida diferente. Desde então, a mulher que a evangelizara passou a orientá-la conforme a Palavra, e Carolina foi colocando em prática tudo o que lhe era ensinado. Sua presença naquele lugar tão cheio de paz era constante, e a sua vida foi se transformando de uma forma inigualável. Dentro de si havia uma força tão sublime que não importava o que estava acontecendo consigo, porque a certeza da vitória fazia-se presente de uma forma muito forte. Seu vazio já não era problema, porque o Espírito Santo havia lhe tirado do abismo profundo em que ela se encontrava e a transformara numa nova criatura.

Sua família, que estava à sua procura, a encontrara e ficaram maravilhados com a sua transformação. Hoje, Carolina vive uma vida de qualidade: foi-lhe restituído tudo o que lhe foi tirado, está livre das drogas, vive em harmonia com a família e ajuda outras pessoas que estão passando pelos mesmos problemas com os quais tanto sofreu. A cada dia, Carolina cresce na graça e no conhecimento de Cristo, até a Sua volta.

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O coração de Carolina é como a boa terra: a semente foi plantada, germinou, criou raiz, cresceu e deu fruto. Mas nada disso teria acontecido se ela não tivesse recebido a Palavra com um coração sincero. Carolina sabia que não era uma boa pessoa - havia tirado dos pais grande parte dos seus bens, ameaçou e odiou a família, entorpeceu-se com todos os tipos de drogas e quase cometeu um triplo assassinato -, mas o desejo de ter sua vida transformada chamou a atenção de Deus, o que Lhe deu plena liberdade para agir.

A boa terra, ao contrário da beira do caminho, recebe a semente e permite que ela germine. Ao contrário do solo rochoso, tem profundidade suficiente para que a semente crie raiz. E ao contrário do terreno espinhoso, tem seu território limpo para que a semente, quando crescer, não seja sufocada. Para que alguém se torne uma boa terra, é necessário que deixe de ser como as outras três. E foi exatamente isso o que aconteceu com Carolina.


Camila Vasconcelos
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Nota: Luísa, Daniela, Poliana, Laura e Carolina são personagens fictícias.

sábado, 7 de maio de 2011

A parábola do semeador aplicada à juventude - Parte 3



E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na.
Mateus 13.7

Entre espinhos

Histórias de superação e transformação de vidas são comuns hoje em dia, e Laura faz parte desse grupo. Conhecer Jesus e viver para Ele era o seu desejo desde o dia de sua conversão, e ela o buscava com todas as forças até que um dia aconteceu o que tanto esperava. Sua vida mudou radicalmente; aquela garota que outrora era tão rebelde e sem direção transformou-se numa pessoa tranquila e cheia de amor. Laura definitivamente passou a ser um testemunho vivo da misericórdia e grandeza de Deus.

Um dos sonhos de Laura era ser bem-sucedida profissionalmente, e aos poucos isso foi acontecendo. Desde então, sua vida financeira tem sido grandiosamente abençoada, o que lhe dava condições de ajudar aos outros e investir na obra de Deus. Reconhecendo sempre o que Ele estava fazendo em sua vida, Laura agradecia e Lhe dava todo o crédito, sabendo que tudo aquilo não vinha tão somente do seu próprio esforço, mas era sua comunhão com Deus o elemento essencial do seu sucesso.

O tempo foi passando e Laura obtinha crescimento cada vez maior em suas finanças, e suas responsabilidades como então empresária eram muitas. Trabalhar pesado para conseguir o que quer era o seu lema desde o começo, e isso não mudou com o tempo. Aliás, tempo para ela era precioso. Cada minuto que perdia com algo que não fosse relevante poderia levá-la a perder um bom negócio, por exemplo. Sua vida dedicada ao trabalho tomava-lhe um tempo precioso que ela deveria guardar para algo que era primordialmente importante.

Sua vida espiritual começou a ficar para escanteio. Ir à igreja somente nas segundas-feiras passou a ser o bastante, afinal, ser bem-sucedida financeiramente era o mais importante. Aos poucos, o distanciamento entre Deus e Laura ficava cada vez maior, e o tempo que lhe restava para tentar manter essa comunhão passou a ser aplicado em coisas que a levariam a desistir de vez de sua fé. Amigos, festas, luxo, tudo o que Laura tinha direito passou a tomar o seu tempo e um lugar cada vez maior no seu coração.

Seu fim? Ainda não aconteceu. Mas Laura ainda não se deu conta do quanto precisa voltar para os braços de Deus. Seu coração está ocupado demais para que ela O convide para entrar.

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O coração apinhado tem um bom terreno, mas as diversas sementes que foram plantadas nele deram à semente principal, a Palavra, menos força para produzir fruto. As preocupações que esse mundo nos causa acabam por sufocar o nosso relacionamento com Deus, o que nos faz deixar de lado o que realmente é necessário para que consigamos manter aquilo que conquistamos. No caso de Laura, tais espinhos eram a sua boa condição financeira. A preocupação com o acúmulo de riquezas terrenas levou-a a crer que isso era o mais importante.

Como um coração cheio de espinhos pode voltar-se para Cristo?

Um copo sujo só se torna apropriado para uso quando é lavado. Da mesma forma, um coração cheio de espinhos precisa ser limpo para que possa ser preenchido por Deus.

... e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração (Tiago 4:8).


Camila Vasconcelos

domingo, 1 de maio de 2011

A parábola do semeador aplicada à juventude - Parte 2

Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se.
Mateus 13.5,6

Solo rochoso - Inconstância

Daniela nasceu em um lar conturbado. Seu pai alcoólatra abandonou a família quando ela tinha 14 anos, e a partir de então sua mãe iniciou uma jornada de muitas lutas para criar os três filhos.

Em um dia qualquer desse período que parecia ficar cada vez pior, Daniela conheceu Poliana, uma garota exemplar com a qual estudaria até o último ano do ensino médio. As duas tornaram-se grandes amigas e compartilhavam suas experiências, fossem elas boas ou ruins.

Poliana era cristã e Daniela sabia disso. Durante uma de suas conversas, Daniela abriu o coração e, com muita vergonha, contou tudo o que estava acontecendo em sua vida. Poliana, por sua vez, contou a ela como era a sua vida, como foi seu processo de conversão e como deu-se tamanha transformação em sua vida. Daniela custou acreditar em suas palavras, pois a amiga parecia ser uma pessoa perfeita, como se nunca tivesse enfrentado problema algum. A curiosidade em saber como a vida de Poliana deu toda essa reviravolta levou Daniela a aceitar o convite que foi feito pela amiga na semana anterior.

Chegando à igreja, Daniela sentiu que aquele era um lugar diferente e que Poliana tinha razão em gostar de tudo aquilo. As pessoas eram felizes; alguns, vestidos com uma espécie de uniforme, sentavam-se ao lado das pessoas e pareciam ouvi-las com paciência. Uma bela música tocava ao fundo, e aos poucos Daniela foi integrando-se àquele ambiente que era um verdadeiro paraíso aos seus olhos. Até que o pastor colocou-se diante do púlpito e iniciou o culto.

Aquela manhã de domingo fora especial. A Palavra de Deus tocou tão fundo no seu coração que a levou às lágrimas. Durante toda a semana seguinte, Daniela não se cansava de dizer o quanto tinha gostado dessa experiência e desde então passou a frequentar a igreja todas as semanas. Poliana estava feliz por ver a amiga tão envolvida com as coisas de Deus, e tinha a certeza de que a partir daquele primeiro domingo Ele estava trabalhando em sua vida.

Os dias passavam e Daniela continuava frequentando a igreja. Chegou a participar do grupo de louvor, pois tinha uma voz tão doce que cativava toda e qualquer pessoa que a ouvia. Adotou os costumes da igreja, chegando até mesmo a mudar o seu modo de falar e agir diante das pessoas. Todos os que a viam reconheciam-na como uma cristã tão exemplar quanto Poliana, até o momento em que a sua fé foi posta à prova.

Sua casa tornara-se um ambiente cada vez mais insuportável. Sua mãe estava diferente, não era mais aquela pessoa amorosa e compreensiva que sempre fora. Constantemente criticava sua fé, dizendo que se isso bastasse elas não estariam vivendo da forma como estavam. As dificuldades financeiras e os conflitos familiares pareciam não ter fim. A família morava de aluguel, e como não houve pagamento nos três meses anteriores a ordem de despejo estava próxima. Daniela finalmente teve de encarar sua dura vida real, e sem demora o desespero tomou conta de seu coração.

Os dias seguintes já não eram mais os mesmos. A pressão dentro de casa para que ela abrisse mão da sua fé era tão intensa que Daniela chegava a gemer por conta da dor que sentia na alma. A aflição era visível no seu rosto e aos poucos deixava o medo e as dúvidas tomarem conta do seu ser. Afinal, se Deus realmente existia, por que permitiu que ela passasse por tudo isso? Por que não lhe deu o livramento antes mesmo que a dor e o desespero invadissem o seu coração? Todos aqueles dias na igreja tinham sido maravilhosos; cada palavra que ouvia eram como remédio para sua alma, assim como as canções que Davi retirava de sua harpa eram para Saul. Mas naquele momento nada a deixava crer que havia esperança, nem mesmo os louvores que costumava cantar e os conselhos que ouvia de Poliana.

Essa situação chegou ao extremo quando Daniela terminou o ensino médio. Suas idas à igreja tornavam-se cada vez menos frequentes, e Poliana já não era uma companhia agradável. O sentimento que a envolvia era um misto de fraqueza, desânimo e tristeza. Não demorou muito para que ela abrisse mão da sua fé, passando a agir como se Deus não se importasse nem um pouco com a sua vida.

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O solo rochoso a que se refere a passagem em questão possui um palmo de terra cultivável, mas por baixo existe uma camada profunda de concreto. Um solo assim não impede que a semente brote e até cresça, mas impede que crie raiz. Se não há raiz, mais cedo ou mais tarde irá morrer.

O coração de Daniela, diferente do de Luísa, aparentemente não era endurecido. Enquanto Luísa negava a qualquer custo a Palavra, Daniela a aceitou no primeiro dia em que colocou os pés na igreja. Toda aquela excitação dos primeiros dias indicavam a sua verdadeira natureza, que era puramente carnal. Sua vida cristã regada a sentimentos não a deixara refletir sobre o que realmente significava seguir a Jesus, e com isso seu desenvolvimento foi apenas aparente. Por fora Daniela era uma árvore grandiosa, florida e cheia de vida, mas por dentro não tinha raiz que a sustentasse. Então veio o sol - as dificuldades, a pressão, as perseguições - e a queimaram.

Mas existe saída para um coração como esse?

Por experiência própria, só existe uma saída: nascer de novo. Repensar seus conceitos, ver se realmente sua vida de cristão está produzindo frutos e se a sua experiência com Deus não é só um misto de emoções e excitação momentânea. Eu comecei a perceber a presença desses sinais na minha vida quando as dificuldades e aflições começaram a aparecer, e demorei a entender que eu era uma planta sem raiz. Uma boa dose de sinceridade e humilhação diante de Deus são o primeiro passo, e pode até parecer doloroso no começo, mas isso é só um sinal de que o concreto que está por baixo daquela terra fofa está começando a se quebrar e dando lugar a uma terra fértil, onde a semente plantada criará raiz, crescerá saudável e dará fruto.

Camila Vasconcelos